Um artigo do professor Leandro Skald
É extremamente freqüente eu encontrar alunos em minha sala de aula que não fazem a mínima ideia do que estão fazendo ali. É um bônus de uma “aula extra” que a escola oferece gratuitamente e aí as pessoas aparecem pra ver “do que se trata” aquilo. Quando perguntam à secretária do que se trata, ela responde de forma simplista que se trata de aula de teoria da música (até hoje não sei se por engano, por achar que o aluno entenderá isso de forma mais clara ou por ignorância mesmo).
O fato é que sempre haverá um trabalho extra da minha parte, não só na parte competente às aulas. Mas também de conscientização acerca do que são as aulas de Percepção Musical e seus benefícios.
IMAGINA SÓ
Supondo que você deseja tocar violão. Nunca teve contato nenhum com a música, mas sem pretensões profissionais, mas quer aprender a tocar “direitinho”. Com compromisso com os estudos e alavancagem de habilidades boas pra tocar praticamente qualquer música que você quiser; o que todos diriam que seria coerente de se fazer num momento desses? “_Fazer aulas de violão, óbvio” “ERRADO!”
Por que estaria errado procurar de forma direta aulas do instrumento desejado?
Bom. A questão é um pouco mais profunda do que isso. Procurar aulas do instrumento desejado não é propriamente errado. O que é errado é a abordagem acerca do objetivo final, tocar. A questão é que para tocar um instrumento musical não é necessário apenas saber como manusear o instrumento (técnica), mas o que está envolvo à sua performance, o tecido de sua atuação. A música.
ASSUSTADO?
Mas não se aprende música nas aulas de instrumento? Depende do que você chama de “música”, mas em linhas gerais, não. Pelo menos, definitivamente, não por completo. (Apesar de que alguns professor conciliam aulas de técnicas de instrumento e Percepção Musical conjugadas em uma mesma aula para que o aluno consiga sair do lugar). E teoricamente, não é assim que deveria ser. Aulas de instrumento são excelentes para se
aprender a técnica, a desenvolver a musicalidade no seu instrumento, desenvolver a performance, a rítmica no instrumento, a consertar problemas de afinação, aprender a tocar rápido e lentamente. Mas o que poucos percebem é elementos da Percepção Musical estão diretamente ligados à boa manutenção dessas técnicas no instrumento. Como saber se a nota está afinada ou não? Como arregimentar coordenação motora para desempenhar determinado movimento? Como saber a duração das notas? Essa e várias outras coisas estão associadas às técnicas de Percepção Musical.
Existem alguns pilares que sustentam a performance de um músico, e fazem com que ele consiga vencer desafios, “pegar” coisas no ar, corrigir pequenos erros de performance no decorrer da música, começar a tocar a música no meio de um trecho, enfim, coisas que salvam uma performance de um fiasco.
OS PILARES
Esses pilares são sustentados por algumas habilidades interessantes (e treináveis), (porém não restritas a) como:
– O Domínio da técnica do instrumento – Essa aprendida facilmente nas aulas práticas, sem maiores explicações, vocês sabem do que se trata.
– Percepção Melódica – Saber a real altura da nota, os intervalos para as outras, a percepção de afinação e desafinação (e saber corrigí-la)
– Percepção Rítmica – Saber a duração dos sons na música; longos, curtos e suas subdivisões; percepção passiva da passagem do tempo (pausas), reflexos rápidos, coordenação motora.
– Leitura – Entender e saber ler com agilidade todos os elementos musicais que constam na partitura, saber se orientar pela partitura e saber se localizar na mesma.
VEJA BEM
Notem que 3 desses 4 pilares são contemplados pelas técnicas de Percepção Musical. E é justamente nessa aula que devemos focar caso queiramos adquirir habilidades poderosas para a performance. Está presente no desenvolvimento da técnica, na musicalidade e da Percepção geral da música.
Note que você nunca vai conseguir afinar uma nota se não possui referências de qual é o padrão de uma nota afinada. Nunca vai saber executar um ritmo se ele nunca lhe foi apresentado e treinado. Não vai magicamente aprender a ler partitura com destreza se isso nunca lhe for apresentado.
Para essas armas valiosas para a performance, a quantidade de semifusas que você consegue tocar por segundo na sua guitarra, não lhe vale nada.
Eu disse, nada!
Autor: Leandro Skald
1 Comentário
[…] isso mesmo! Aqui estão 3 atividades para treinar o ouvido musical dos seus alunos. São atividades de percepção rítmica com um “ar” diferente, pois […]